quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Leitura para 6/9

Caras e Caros,

Para a próxima semana, ficamos de ler A infância escolarizada dos modernos, capítulo do livro Infância. Entre Educação e Filosofia, de Walter Kohan.

Abraços!

terça-feira, 29 de agosto de 2017

sobre as escolhas da vida

Olá Ana Lúcia,
Gostei muito do vídeo que você publicou! Me emocionou muito!
bacana!
Durante a leitura dos textos muitos pensamentos e palavras vieram à minha cabeça
“Parar” “retomar” “rever”, “redirecionar”, “replanejar”, transformar, mudar, aprender ... reaprender?

Enfim ... a palavra que realmente planou foi “ESCOLHER”. Escolher mudar, retomar e reaprender.

Educação acima de tudo (?)

Mas, afinal, que educação é essa que se deseja, a tanto custo, oferecer às crianças? A quem ela atinge? Ao que ou a quem ela responde?

Muito além de ser um espaço de convivência e 'desenvolvimento de habilidades', sabemos que a escola sempre foi, e ainda é, local de reprodução de conceitos capitalistas servindo de instrumento político. Ambiente no qual crianças e jovens se vem impedidos de experimentar a vida, em prol de aprender a conviver e se 'preparar' para a vida dentro de um espaço fechado e restrito. Local onde se deve permanecer quieto, estático, escutando seres maiorais (professores) inculcarem conhecimento em suas mentes, sem que haja chance de retrucar.
Não concordou com o professor? Mal educado. Trouxe informações novas sobre um assunto 'fora do contexto' da aula? Indisciplinado. Sem limite. Não decorou exatamente o que estava na apostila e não o reproduziu igual na prova? Nota baixa. Conselho de classe. Chamem os pais. Aluno não acompanha. Desatento. TDAH
A escola molda quem nela entra, de acordo com seus próprios interesses (ou melhor, de interesses maiores). Mata o interesse, a criatividade e curiosidades em aprender das crianças, fazendo que todas pensem igual. Para ela, escola, não existe um eterno devir durante nossa vida. Existe o que se foi, é e o que será. Você chega criança, mas espera-se que essa fase morra e suma rapidamente. Morre a criança. Nasce o jovem-adulto 'bem sucedido', adestrado pra vida. (que vida?)

Ao ler o textos, em especial o 'Utopia pedagógica', me peguei pensativa ao ver que o autor coloca como utópicas tanto a pedagogia tradicional, quanto as ditas tradicionais. Pensei: Oras, mas as escolas que tentam fugir às ideias tradicionais de ensino, afinal, são farsas e ilusórias? Não existe escapatória? Depois de muito refletir, concluí que não basta simplesmente querer mudar. Muito mais do que discursos bonitos, prédios modernos, coloridos e marketing de inovação, precisamos mudar nosso pensamento. Chutar o pé da barraca, se me permitem a linguagem. Mudar a instituição em si, de nada adiante se continuarmos com ações e pensamentos antigos e controladores. Precisamos abolir a ideia de que escola prepara para a vida. Precisamos quebrar os muros dela e mostrar que ela faz parte da vida e, a vida, dela.

Para concluir, deixo uma sugestão de leitura. Uma reportagem muito interessante sobre a pressão e configuração das escolas competitivas de hoje e sobre qual aluno queremos.
/http://www.contioutra.com/o-ponto-fraco-do-ensino-forte/


Desconstrução

Ser criança...
Ousadia, coragem, determinação, não ter vergonha de querer, fazer, se expor, sem nitidamente esconder suas insatisfações, é tomar-se de felicidade pelo trivial, é criar a partir de pequenas coisas, transformar realidades, sonhar, desejar, bagunçar, fazer barulho, alvoroçar, fazer mágica, rir, rir muito, falar sozinho, criar histórias, fazer história, ser a história.


É preciso uma desconstrução de nós mesmos, da maneira pelas quais fomos conduzidos em nossa escolarização “pedagogização imposta por adultos”, buscar romper com as amarras dos dispositivos sociais, buscar o devir-criança, essa essência que Schérer ressalta, ou seja, essa possibilidade em caminhar junto com a criança, criando margem para refletirmos não em si sobre a escola, mas sobre sua ideologia que necessita ser repensada para além das impositividades e dos modelos prontos.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Ler os textos indicados de R. Schérer, aumentou ainda mais a minha angústia. Será que nós, professores, não alimentamos algumas utopias? Pois, será que é tão simples "rejeitar o acervo de ideias, os pesados grilhões e disfarces impostos à infância pela tradição pedagógica e psicológica"? Nossas instituições formadoras e os espaços que trabalhamos estão cobertas destas referências e esteriótipos.

Recusar os dois termos


Poucas vezes senti-me tão contemplado por uma passagem como a seguinte:
O que nos impede de avançar é o nosso constrangimento diante da ideia generosa de que o fato de introduzir a criança cedo demais no circuito produtivo seria reacionário; nesse sentido, a escola aparece como um sonho progressista. É preciso recusar os dois termos da alternativa, imaginando algo diferente da escola e do trabalho que escraviza.
Sim! Dizer, como digo, que a escola não é boa não implica dizer que a alternativa da entrada imediata em uma ação produtiva alienada seja a solução. A solução, na minha opinião, é justamente sair desta lógica simplista e binária. Outras são possíveis!
O que não podemos ignorar é a relação simbiótica entre escola e infância. Uma não existe sem a outra. E ambas são construídas a cada dia.

domingo, 27 de agosto de 2017

Era uma vez




Indiscutivelmente nossas escolas precisam rever o seu papel, valorizar o seu material mais precioso que é a criança, a sua infância e seu modo peculiar de estar e viver o mundo, pois o “gênio criativo” sempre retorna a sua infância para criar algo inimaginável e admirável.



A linguagem das coisas.

"Foi uma cortina que me deu a primeira lição...” (PASOLINI)

Nosso encontro havia sido marcado para as nove horas. Cheguei meia hora antes e ele já estava lá. Sorridente, dentes muito brancos, o cabelo preto ainda mudando de cor, os olhos brilhantes e despreocupados douravam um castanho denso. Olhos de uma certeza vaga, profunda, clara.

O professor chegou!, diz a anfitriã que nos recebe. Sorrio meio sem graça com o título, e nos apresentamos formalmente. Estendo-lhe a mão e nos cumprimentamos. Despedimos dos outros e agora estamos sós para começar a oficina de madeira.

Ao longo de uma hora estaríamos ali, no silêncio de uma casa estranha para nós dois; estávamos em uma varanda com pé direito alto, cadeiras e mesas de trabalho e ferramentas. Um jardim recém construído, ainda sem o viço que sentimos diante de uma singularidade real. Um jardim desses em que o paisagista dispõe as plantas arquitetonicamente: uma fileira de coqueiros ali, arbustos alinhados ao longo do caminho, agrupamentos de plantas feitos com o irresistível desejo de submeter as plantas e o terreno à maneira... soava como um deserto.

Mas certamente, Andres não se ocupava com essas ideias.
Acomodados e prontos, apanhei a caixa cheia de tocos de madeira e pus sobre a mesa. Quando eu começava a fazer minha tradicional introdução sobre aquele material e sobre o que iríamos fazer na oficina de madeira, Andres agarrou a borda da caixa trazendo-a para mais perto de si, meteu as mãos sobre os tocos arrastando uns pra lá outros pra cá e rapidamente pegou um pedaço longo e estreito e um outro bem mais curto e largo. Olhou pra mim e disse: vou fazer uma espada. Assim. E mostrou a combinação imaginada, imediatamente.


Ajudei com meus músculos nas tarefas mais duras e descobrimos juntos um jeito de fixar a guarda da espada de brinquedo.


Andres não precisava de mim para aprender com aqueles tocos. E eu não precisava mais ser professor. Estávamos ali nós dois, banhados de infância.


Em busca de alternativas

     Sabemos que nossa Educação Infantil tem se caracterizado como o lugar da pré-escola, de preparo para a escola. Mesmo com documentos oficiais buscando sua especificidade, as práticas nas instituições são muitas vezes voltadas para a leitura, a escrita e a matemática, linguagens privilegiadas nas escolas de ensino fundamental. Quais devem ser as experiências vivenciadas nessa fase da vida? Como o autor propõem, qual a alternativa à escola ou à criança inserida no mundo do trabalho? Será que no devir-criança encontramos uma possibilidade de pensar o ser criança em nossa sociedade de uma nova maneira?  “O mesmo ocorre com o artista criador: ele não se torna criança, mas compartilha sua vizinhança, intercâmbio entre-os-dois, em que o artista fornece-lhe o que ela ainda, não tem a capacidade de dar forma à experiência -, enquanto ele recebe da criança o que deixou de ter, a franqueza de um olhar não obstruído pelos clichês.” (Schérer, 2009, p.207-208). Talvez nós, educadores, possamos buscar nesse olhar desobstruído percursos que ainda não despontaram em nosso horizonte em relação à educação das próprias crianças – para além da repressão, da homogeneização, da ausência de diálogos e de escutas verdadeiras.

Derrubando Muros...

O filme “Entre os Muros da Escola”, nos retrata muito bem o resultado da pedagogia utópica e repressiva que somos expostos. Fazendo a leitura dos textos, fiz algumas reflexões acerca de toda minha vivência escolar até aqui e fiz algumas perguntas  e reflexões que vou compartilhar com vocês, pois acredito serem pertinentes para repensarmos o quanto somos levados a pensamentos e ações utópicas. Quando crianças somos reprimidos em nossas brincadeiras, levados para uma escola que nos tira o direito de conhecer o mundo de maneiras diferentes, pois se não for da maneira imposta estamos transgredindo as regras. Vamos crescendo e continuamos sendo expostos a regras vazias sem explicações e a avaliações de desempenho como se fôssemos máquinas. Na faculdade não é diferente, aprendemos a ser os mesmos professores iguais aos que nos ensinaram. Então me vem as seguintes questões: A escola culpa os alunos, a família e a estruturas familiares. As famílias e os alunos culpam as escolas. Então como poderemos chegar a um consenso? Quem está com a razão e como podemos mudar um pensamento incutido na escola que perpassa gerações e gerações? E a política, será que tem interesse nesta mudança? Além disso, como derrubar os muros da escola para que ela consiga absorver esse turbilhão de novas formações familiares, de novas maneiras de pensar e agir, de diversidades religiosas, das inclusões das minorias e da maioria, enfim, de não oprimir, de não avaliar para excluir, de não se fechar em um mundo falso...Será que nós, professores, vamos conseguir derrubar alguns muros em nós e na escola? Vale pensar sobre isso.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Leituras para dia 30/08

Colegas,

A pedido da Profa., relembro os presentes e aviso quem já não estava na aula que as leituras para a próxima semana são:

No Livro Infantis:
A utopia pedagógica
Devir - Criança 

Também ficou combinado de irmos lendo a obra Filosofia e Educação no Brasil. Da Identidade à Diferença  até setembro.

Abraços!

Por que não mudamos?

por que não mudamos? se descobrimos que nossas estratégias e métodos não funcionam mais?
por que nos apegamos às velhas posturas?
por que não nos atiramos à desconhecida jornada, vivendo travessia e perigo?
creio que ha muitas ideias que possam explicar esse apego.
mas a resposta, realmente, não sei dar.
retomo uma citação de Fiódor Dostoiévski, de 1879

Somos assim: sonhamos o vôo, mas tememos a altura
Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio.
Porque é só no vazio que o vôo acontece.
 O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas.
Mas é isso o que tememos: o não ter certeza.
 Por isso trocamos o vôo por gaiolas.
 As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.



(Os irmãos Karamazov- 1879)

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Opinião sobre tudo

Revisitando esta leitura do Larrosa sobre a Experiência, lembrei de uma outra obra, que li há algum tempo. Trata-se de Uma Breve História do Tempo, do famoso astrofísico Stephen Hawking.
Ao longo do livro, a autor discute profundamente questões relativas ao universo e os esquemas que criamos para entendê-lo. Mas é sobre as passagens finais do texto que quero falar aqui, dialogando com as ideias expostas pelo Larrosa.
Tendo explicado uma série de dados sobre o universo, Hawking inicia uma discussão mais filosófica no capítulo 8. Refletindo sobre o princípio antrópico, discute a configuração do universo e sua relação com seres vivos que podem refletir sobre tal configuração. O faz, no entanto, ignorando o poder da palavra. Em dado momento, diz o seguinte:
“Why is the universe the way we see it?" The answer is then simple: if it had been different, we would not be here!
Antes de dar minha interpretação para a pergunta proposta pelo autor, sigo apresentando sua obra. O penúltimo parágrafo do livro diz exatamente o seguinte:
Up to now, most scientists have been too occupied with the development of new theories that describe what the universe is to ask the question why. On the other hand, the people whose business it is to ask why, the philosophers, have not been able to keep up with the advance of scientific theories. In the eighteenth century, philosophers considered the whole of human knowledge, including science, to be their field and discussed questions such as: did the universe have a beginning? However, in the nineteenth and twentieth centuries, science became too technical and mathematical for the philosophers, or anyone else except a few specialists. Philosophers reduced the scope of their inquiries so much that Wittgenstein, the most famous philosopher of this century, said, “The sole remaining task for philosophy is the analysis of language.” What a comedown from the great tradition of philosophy from Aristotle to Kant!
Ora, meu caro amigo astrofísico! Que visão mais simplista! E quanto sentimento de superioridade no simples domínio da linguagem matemática!
Tivesse Hawking lido e experienciado o texto de Larrosa, talvez, não teria feito uma leitura tão superficial da afirmação de Wittgenstein. A missão da filosofia é analisar as palavras justamente por que são elas que organizam nosso mundo! Universos observáveis não são como são porque de outra forma não estaríamos aqui. São como são porque é assim que os produzimos! É como diz Larrosa: a experiência não é o que se passa. É o que NOS passa.
Quando fazemos coisas com as palavras, do que se trata é de como damos sentido ao que somos e ao que nos acontece, de como correlacionamos as palavras e as coisas, de como nomeamos o que vemos ou o que sentimos e de como vemos ou sentimos o que nomeamos.
Portanto, proponho uma resposta mais fundamentada na experiência para a pergunta: "Por que o universo é como o vemos?":
O universo é como o vemos porque nossa cultura, em suas múltiplas formas de linguagem, organizou-o assim.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Eu ex-isto.

A leitura do texto, apenas reafirmou o que eu acredito ser o modo mais tranquilo de se permitir sentir novas sensações com o  despertar da curiosidade. E isso só acontece, a partir do momento em que as coisas ganham significados em nossas vidas, ou seja, dar sentidos aos acontecimentos sem ter a obrigatoriedade de conceituá-los. Somos reféns de um sistema cruel, que não nos permite ser o que realmente somos, porque se não nos encaixarmos nos seus moldes, somos descartados. Citarei como exemplo o vestibular, que no meu ponto de vista é a evidência de que urgentemente devemos repensar o que é aprendizado e como o sujeito pode agregar nos lugares por onde circula.

Reflexão inicial

Durante todo meu curso de Pedagogia escutei sobre o binômio prática/experiência e a partir do texto lido consigo finalmente iniciar uma reflexão sobre essa escolha.
Larrosa propõe um novo experiência/sentido. Define que segundo Aristóteles o homem é um ser vivente dotado de palavra, mas mais que isso é a própria palavra em si. E que pensar é dar sentido ao que somos e ao que nos acontece.

Experiência é o que nos acontece, o que nos passa, o que nos toca. O modo de habitar o mundo de alguém que existe. Logo reflito quais experiências tenho guardado e permitido que me modifiquem, não sei responder. Não consegui ainda perceber quais experiências me fazem ser e estar onde estou, habitar onde habito. Acredito que será uma aventura descobrir e me redescobrir durante os próximos encontros e a realização das próximas leituras.

domingo, 20 de agosto de 2017

A experiência de compreender a experiência...

As leituras que tenho feito sobre "experiência" (em especial o texto de Bondia) e a atualização virtual  de algumas memórias sobre minhas  aulas (como professor e aluno) têm me possibilitado desterritorializar algumas ideias para ressignificá-las.  De fato, nem todos os episódios vividos em uma escola se transformam em experiência porque estamos tão preocupados com a  relação entre a ciência e a técnica ou com a relação entre a teoria e a prática que não paramos para pensar nos sentidos que damos ao que fazemos. Gosto do que o autor define como um sujeito passional, que entendo ser o sujeito à mercê daquilo que o afeta. Penso na escola que frequentei, na Universidade, no Leped... Quantas são as vezes em que não nos deixamos ser afetados, ser alcançados, ser tocados e transformados? Para Bondia o excesso de informação impossibilita a experiência... Concordo e complemento que o pragmatismo, a lógica da ação, a busca pela melhor performance são, além da informação e necessidade de opinião, formas de inibir a transformação de um evento em um acontecimento, ou de um fato qualquer em uma experiência. Ser um sujeito passional na escola (e na vida fora dela) tem a ver com compor com o outro, ouvir, intuir a diferença do outro e se transformar nesse processo. Que rica experiência tem sido a de tentar compreender o que, de fato, é uma experiência!

experiências que transformam




O que de fato nos transforma em seres capazes de mudar uma realidade, seria toda essa gama de informações que temos ou as teorias que nos cercam? Ao ler os textos fui tendo a sensação que o que realmente transforma as pessoas são as experiências que são vividas em plenitude, e não a simples apropriação de teorias e informações.  Ao olhar para escola noto que ela já está repertoriada por grandes pensadores, porém vejo uma escola incapaz de quebrar as amarras e romper com velho, não sei, talvez falte na escola experiências apaixonantes aquelas que sejam capazes de mudar um simples olhar, mas que faz toda a diferença para quem faz parte dela.

Novos olhares para a experiência!!



Ao ler os capítulos do livro Tremores,  logo veio a imagem do nosso encontro de quarta feira, as palavras que foram ditas e os sentimentos despertados.
"A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca." Está frase do livro me despertou um outro olhar para a experiência, um olhar de sensações e sentimentos.