terça-feira, 29 de agosto de 2017

Educação acima de tudo (?)

Mas, afinal, que educação é essa que se deseja, a tanto custo, oferecer às crianças? A quem ela atinge? Ao que ou a quem ela responde?

Muito além de ser um espaço de convivência e 'desenvolvimento de habilidades', sabemos que a escola sempre foi, e ainda é, local de reprodução de conceitos capitalistas servindo de instrumento político. Ambiente no qual crianças e jovens se vem impedidos de experimentar a vida, em prol de aprender a conviver e se 'preparar' para a vida dentro de um espaço fechado e restrito. Local onde se deve permanecer quieto, estático, escutando seres maiorais (professores) inculcarem conhecimento em suas mentes, sem que haja chance de retrucar.
Não concordou com o professor? Mal educado. Trouxe informações novas sobre um assunto 'fora do contexto' da aula? Indisciplinado. Sem limite. Não decorou exatamente o que estava na apostila e não o reproduziu igual na prova? Nota baixa. Conselho de classe. Chamem os pais. Aluno não acompanha. Desatento. TDAH
A escola molda quem nela entra, de acordo com seus próprios interesses (ou melhor, de interesses maiores). Mata o interesse, a criatividade e curiosidades em aprender das crianças, fazendo que todas pensem igual. Para ela, escola, não existe um eterno devir durante nossa vida. Existe o que se foi, é e o que será. Você chega criança, mas espera-se que essa fase morra e suma rapidamente. Morre a criança. Nasce o jovem-adulto 'bem sucedido', adestrado pra vida. (que vida?)

Ao ler o textos, em especial o 'Utopia pedagógica', me peguei pensativa ao ver que o autor coloca como utópicas tanto a pedagogia tradicional, quanto as ditas tradicionais. Pensei: Oras, mas as escolas que tentam fugir às ideias tradicionais de ensino, afinal, são farsas e ilusórias? Não existe escapatória? Depois de muito refletir, concluí que não basta simplesmente querer mudar. Muito mais do que discursos bonitos, prédios modernos, coloridos e marketing de inovação, precisamos mudar nosso pensamento. Chutar o pé da barraca, se me permitem a linguagem. Mudar a instituição em si, de nada adiante se continuarmos com ações e pensamentos antigos e controladores. Precisamos abolir a ideia de que escola prepara para a vida. Precisamos quebrar os muros dela e mostrar que ela faz parte da vida e, a vida, dela.

Para concluir, deixo uma sugestão de leitura. Uma reportagem muito interessante sobre a pressão e configuração das escolas competitivas de hoje e sobre qual aluno queremos.
/http://www.contioutra.com/o-ponto-fraco-do-ensino-forte/


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