quinta-feira, 15 de março de 2018

A construção de um novo olhar em um novo lugar



O fato que me trouxe para o grupo e de certa forma para área da educação, foi o incomodo de me ver em uma posição de ensino, a qual gostava e acreditava, sem conseguir aplicar o que havia aprendido e me fazia sentido.
Foram meses com tentativas e erros para perceber que conhecia teorias, mas não havia aprendido sobre suas aplicações. Pouco a pouco, a vivência do dia a dia, foi encontrando os nomes que antes eram somente conceitos sem recheio.
Foi assim que me despertei para academia, com o desejo de torná-la mais autora de suas experiências e menos reprodutora de suas prontas teorias, apenas.
No caminho, encontrei Maria Teresa e seu grupo que estavam no final do percurso do semestre. Quando me vi ali, percebi que nada estava no fim, já que falavam e se exercitava sobre a construção do não saber, do refletir e de ouvir.
Eu, que buscava algo além dos livros e leituras, talvez pela primeira vez, tenha sentido através da observação, o que é aprender vivendo e praticar aquilo que se ensina. Revisitei conceitos como inclusão, diferença, diversidade e comparação, mas dessa vez os construí, não mais os copiei da lousa como da primeira vez que os vi.  A construção foi conjunta e o aprendizado se deu na relação. É possível construir na academia!
Aprendi que não existe manual, não da para reproduzir algo em um espaço que não se vê, com “ingredientes” que não se conhece.
Sem o peso de reproduzir, a construção se da no que lhe é dado ali, no entre lugar, no fragmento. Na compreensão e na percepção do que está posto e não na obrigatoriedade do que deve ser realizado.
Desmistifiquei o lugar do professor, o lugar do saber. Repensei sobre o bom professor, aquele de respostas prontas, e de muitas certezas. Onde o “dever” e poder de quem ensina a TODOS retira do outro o desejo e o poder de aprender ou não, como ÚNICO.
Desmoronou a idéia de se responsabilizar pela aprendizagem do outro. Ao invés de submeter o problema à solução, se problematiza o que se vê. Afinal, de acordo com Deleuze, são os signos que movem o individuo para o aprendizado.
Deixar de formar para um mundo previsível, com fórmulas prontas, e soluções previstas é também aprender a lidar com o desconhecido, com a importância de ESTAR, de construir junto e de ter um olhar diferente para cada diferente. É acreditar na autonomia do sujeito, apostando na autoria de cada um.
Aqui, li alguns textos, conheci alguns autores, revisitei outros, mas hoje não sou capaz de discernir ou citar qualquer um para dizer quem me ensinou o que aprendi aqui, porque vivi, foi além do que li, do que discuti. Senti o que aprendi.
Sou grata pela oportunidade que a professora e o grupo me deram, e pelo prazer de me ensinarem na relação, na presença e troca.
Apesar de hoje entender a dificuldade de sermos autores de nossa prática, por não exercitarmos, sei a importância da autoria em um espaço de criação - como no do ensino - e de dar ao outro também a possibilidade de ser próprio autor dessa construção do conhecimento. Porque mesmo em poucos meses e em poucas linhas, me sinto um pouco autora desse caminho trilhado. Obrigada pela co-autoria dessa construção LEPED.