O
fato que me trouxe para o grupo e de certa forma para área da educação, foi o
incomodo de me ver em uma posição de ensino, a qual gostava e acreditava, sem
conseguir aplicar o que havia aprendido e me fazia sentido.
Foram
meses com tentativas e erros para perceber que conhecia teorias, mas não havia
aprendido sobre suas aplicações. Pouco a pouco, a vivência do dia a dia, foi
encontrando os nomes que antes eram somente conceitos sem recheio.
Foi
assim que me despertei para academia, com o desejo de torná-la mais autora de
suas experiências e menos reprodutora de suas prontas teorias, apenas.
No
caminho, encontrei Maria Teresa e seu grupo que estavam no final do percurso do
semestre. Quando me vi ali, percebi que nada estava no fim, já que falavam e se
exercitava sobre a construção do não saber, do refletir e de ouvir.
Eu,
que buscava algo além dos livros e leituras, talvez pela primeira vez, tenha
sentido através da observação, o que é aprender vivendo e praticar aquilo que
se ensina. Revisitei conceitos como inclusão, diferença, diversidade e
comparação, mas dessa vez os construí, não mais os copiei da lousa como da
primeira vez que os vi. A construção foi
conjunta e o aprendizado se deu na relação. É possível construir na academia!
Aprendi
que não existe manual, não da para reproduzir algo em um espaço que não se vê, com
“ingredientes” que não se conhece.
Sem
o peso de reproduzir, a construção se da no que lhe é dado ali, no entre lugar,
no fragmento. Na compreensão e na percepção do que está posto e não na
obrigatoriedade do que deve ser realizado.
Desmistifiquei
o lugar do professor, o lugar do saber. Repensei sobre o bom professor, aquele
de respostas prontas, e de muitas certezas. Onde o “dever” e poder de quem
ensina a TODOS retira do outro o desejo e o poder de aprender ou não, como
ÚNICO.
Desmoronou
a idéia de se responsabilizar pela aprendizagem do outro. Ao invés de submeter
o problema à solução, se problematiza o que se vê. Afinal, de acordo com
Deleuze, são os signos que movem o individuo para o aprendizado.
Deixar
de formar para um mundo previsível, com fórmulas prontas, e soluções previstas
é também aprender a lidar com o desconhecido, com a importância de ESTAR, de
construir junto e de ter um olhar diferente para cada diferente. É acreditar na
autonomia do sujeito, apostando na autoria de cada um.
Aqui,
li alguns textos, conheci alguns autores, revisitei outros, mas hoje não sou
capaz de discernir ou citar qualquer um para dizer quem me ensinou o que
aprendi aqui, porque vivi, foi além do que li, do que discuti. Senti o que
aprendi.
Sou
grata pela oportunidade que a professora e o grupo me deram, e pelo prazer de
me ensinarem na relação, na presença e troca.
Apesar
de hoje entender a dificuldade de sermos autores de nossa prática, por não
exercitarmos, sei a importância da autoria em um espaço de criação - como no do
ensino - e de dar ao outro também a possibilidade de ser próprio autor dessa
construção do conhecimento. Porque mesmo em poucos meses e em poucas linhas, me
sinto um pouco autora desse caminho trilhado. Obrigada pela co-autoria dessa
construção LEPED.