O pensamento ecológico é o germe para o surgimento do pensamento
Ecosófico (Guatari) que considera as ecologias social e mental, além da
ambiental. Da mesma maneira com que algas monstruosas se proliferam em águas doentes,
as máquinas de signos inundam as telas de imagens e enunciados ‘degenerados’,
achatando os sentidos, normalizando e laminando a subjetividade.
O capitalismo pós industrial trata de “descentrar seus focos
de poder das estruturas de produção de bens e de serviços para as estruturas
produtoras de signos, de sintaxe e de subjetividade, por intermédio, especialmente,
do controle que exerce sobre a mídia, a publicidade, as sondagens...”
Assim, quando a informação toma o lugar da sensação, quando
o excesso e a superficialidade passam a ser o modo de existir, há a degradação
da experiência, entendida aqui como aquilo que nos passa de profundo e potente
de transformação, aquilo que é ao mesmo tempo material e instrumento da
liberação da subjetividade.
Degrada-se então a ecologia mental, matando a subjetividade
por asfixia, como um peixe em águas contaminadas. Como nos diz o autor, “a época
contemporânea, exacerbando a produção de bens materiais e imateriais em detrimento
da consistência de Territórios existenciais individuais e de grupo, engendrou um
imenso vazio na subjetividade que tende a se tornar cada vez mais absurda e sem
recursos.”
Guatari aponta em sua ecosofia, as trincas por onde se
infiltra a possível mudança: 1. O fim dos maniqueísmos; 2. O desenvolvimento
das tecnologias e seu potencial uso não capitalístico; 3. A crescente produção
de subjetividade "criacionista", individual e coletiva.
Sua ecosofia aponta ainda para a necessidade de “uma imensa reconstrução
das engrenagens sociais” sobre os destroços do capitalismo pós industrial, reconstrução
que “passa menos por reformas de cúpula, leis, decretos, programas burocráticos
do que pela promoção de práticas inovadoras, pela disseminação de experiências
alternativas, centradas no respeito à singularidade e no trabalho permanente de
produção de subjetividade, que vai adquirindo autonomia e ao mesmo tempo se
articulando ao resto da sociedade.”
Apesar das frestas, o autor não descarta um futuro de
barbárie: As metralhadoras na janela do hotel não fazem sentido, não têm um
significado. “Parecia um filme” relatou uma vítima. Das telas de Hollywood para
o show de rua, uma desterritorialização da guerra “por demais brutal que
destrói o Agenciamento de subjetivação” (p28).
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