Arte de
se (re) inventar
Para
Foucault, a liberdade não é uma possibilidade ética entre outras "A ética
é a forma deliberada que toma a liberdade". Não procede de uma república
racional de sujeitos autônomos, mas procede de um questionamento incessante dos
fatos históricos da identidade. Foucault queria fazer uma história, não só do
que é verdadeiro ou falso, mas do que pode sê-lo, não do que se tem de fazer,
mas do que se pode fazer; não das maneiras de viver, mas das possibilidades de
vida. Na perspectiva das possibilidades históricas do saber, da ação e da identidade
subjetiva, o saber se delimita, segundo Foucault, pela ciência, o poder pela
política e a ética pela moral; e nesta perspectiva das relações entre os
saberes, os poderes e os modos de ser nunca estão dados, mas sempre teremos que
buscá-los, nunca são essenciais ou necessários, mas sempre são sempre
históricos e transformáveis.
Não
se trata, no entanto, de pensar em transformar a docência em uma obra prima, no
sentido das Belas-Artes. Ao contrário, parte-se da ideia de arte trazida por
Nietzsche, Deleuze e Foucault, ou seja, uma “arte que se assume como esboço,
como rascunho contínuo, como busca de estilo, como experimentação, como
resultado árduo e quase infinito do artista sobre si” uma arte que seja motriz
de uma docência que, ao mesmo tempo em que se exerce, se experimenta, se
(re)inventa e, fundamentalmente, se vê num plano de construção ética, estética
– e, mais do que pedagógico, político –, atuando na diferença, sem pretender
acabar com ela, mas problematizando o consenso e as ideias prontas por meio de
devires, gestos e inscrições no mundo feitas de potência. Em suma, essa arte em
questão possibilitaria o exercício de outras relações de poder no interior da
aula mantendo, principalmente, uma atitude crítica de si e do outro – da
relação pedagógica –, a fim de experimentar em si e com os outros diferentes
modos de ser.
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