terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sobre lembranças ...



"Não são apenas os prisioneiros que são tratados como crianças, mas as crianças como prisioneiras. As crianças sofrem uma infantilização que não é delas. Neste sentido, é verdade que as escolas se parecem um pouco com as prisões, as fábricas se parecem muito com as prisões."


Sempre amei essa tirinha do Calvin e essa citação de Foucault me fez lembrar dela. Não é um exagero tão grande de Calvin, uma criança que foi obrigada a ficar sentada por horas, chamar a atitude da professora de ditadura. A escola ainda continua sendo uma instituição controladora, que vigia e pune, como diz o próprio Foucault. 

Lembrei-me de um professor de geopolítica, durante uma aula no ensino médio, quando comparava a estrutura física do colégio, e escolas em geral, com a de um presídio. As salas (celas) lotadas, dispostas lado a lado em grandes corredores. O pátio para os momentos de recreio (banho de sol), controlados por sinais sonoros e por pouco tempo. A sala da diretoria afastada. Inspetores (carcereiros) vigiando se todos estão cumprindo horário e se estão no local certo. Lembro que fiquei espantada na hora. Seria esse professor louco? Seria essa comparação mera coincidência? (foi o que pensei na época). Mas fazia tanto sentido ! Metade da turma considerou o professor um louco comunista. 45% apenas riu sem entender nada e os outros 5% ficaram com 'a pulga atras da orelha' e foram fazer licenciaturas na faculdade para entender melhor isso. Cá estou eu!

Dois anos depois disso eu estava na graduação lendo "Vigiar e Punir" de Foucault. Sete anos depois estou discutindo isso na aula da Pós. E a escola continua assim. Estamos caminhando, há muita coisa boa (aparentemente) sendo construída. Mas precisamos continuar na luta.

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