domingo, 3 de setembro de 2017

Jogo de poder

O texto desta semana me levou a uma reflexão muito interessante. Os seguintes trechos, especialmente, me fizeram encadear algumas ideias:

Aplicada a uma criança, a disciplina evoca um duplo processo de saber e poder: apresentar determinado saber à criança e produzir estratégias para mantê-Ia nesse saber." De modo que, desde a etimologia até os usos atuais do termo, a disciplina - o saber e o poder - e a infância estão juntas.

'Governo' não quer dizer, nesta ótica, aparato estatal, mas o modo como se dirige, em qualquer âmbito, a conduta dos indivíduos. Governar, diz Foucault, é estruturar o possível campo de ação dos outros." De modo que o exercício do poder é um modo como certas ações estruturam o campo de outras possíveis ações." Assim, se afirma o caráter produtivo, não apenas repressivo do poder.

Há dois sentidos da palavra sujeito: sujeito a algum outro pelo controle e pela dependência; e atado à sua própria identidade pela consciência ou conhecimento de si. Os dois sentidos sugerem uma forma de poder que subjuga e faz sujeito a.

 Daí ficou a coceira... Neste jogo de poderes (se me permitem certa dose de ironia), as regras são feitas e aplicadas de forma a inviabilizar a vitória das crianças, que estarão fadadas a ocuparem o papel de sujeitadas a outros, e governadas pela disciplina.

Que jogo chato, não?

Um comentário:

  1. A que serve este jogo? A quem serve este jogo? Há culpados, vítimas ou carrascos nesse jogo? Quem é o juiz? Jogando e sendo jogados seguiríamos nós irrevogavelmente soterrados pelas malhas do poder que nos atravessam desapercebidamente? Quais possíveis linhas de fuga desse jogo? Posso desistir de jogar?

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