domingo, 10 de setembro de 2017

Fortes Lembranças!


Fazendo a leitura do texto "Pensar a Formação Docente", me veio uma lembrança muito forte da minha infância na escola, em que passei por uma situação extremamente desagradável, que me fez desinteressar pela escola. Ao ler o texto as palavras poder, controle, normatização, classificação e disciplinamento vieram fortemente em minha mente.
Quando eu fui para a 4ª série (hoje 5º ano) tive que mudar de escola e de cidade, ao chegar na nova escola a mesma professora dava aulas na 4ª série da manhã e da tarde, a princípio fui colocada na sala da manhã, onde após 3 dias de frequência fui descobrir ser a sala forte. No final desta primeira semana, recebi a notícia que na semana seguinte eu estudaria a tarde, fiquei sem entender, mas fui. Iniciei na nova sala e daí fui descobrir que aquela sala era dos fracos, fiquei chocada. O tratamento com os alunos era totalmente diferente, a professora tratava muito mal os alunos, os punia o tempo todo, chegava até agredir fisicamente os alunos. Para minha total surpresa, antes de terminar a semana a professora rasgou duas folhas do meu caderno porque eu não escrevi na primeira linha. Fiquei horrorizada com aquilo, não queria mais voltar para a escola e após minha mãe ter ido até a escola e pedir explicações de tudo o que havia ocorrido, voltei estudar de manhã novamente na classe forte.
Este fato me marcou muito e quando fui fazer magistério, depois pedagogia, após o mestrado e fui trabalhando como professora, busquei sempre rever minhas práticas, buscando sempre transformá-las, pois jamais teria coragem de tomar esse tipo de atitude com os meus alunos. 
Enfim, é triste pensar que o poder, o controle, as normatizações, a classificação e o disciplinamento, estão enraizados profundamente na cabeça de muitos professores, que não dão e não se dão a oportunidade de transformação. E a escola ajuda a disseminar essas atitudes discriminatórias...
Termino com um trecho da observação de Pereira (2006, pg. 07-08):
"O professorado, pouco a pouco, deixa de se perguntar pelo que pode fazer, pelo que sabe fazer, pelo que consegue fazer e, em lugar disso, pergunta pelo que é que deve fazer. Pouco a pouco transfere o poder de decisão e orientação para uma instância exterior a si. Fabrica uma transcendência a quem se põe a seguir."

6 comentários:

  1. Que história pesada, colega! Pesada e, infelizmente, absolutamente crível e corriqueira.
    Que bom que você busca evitar a reprodução desta narrativa nas experiências de outros alunos...

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    1. É triste mesmo Daniel, são lembranças duras, mas isso me fez ir adiante e até mesmo trabalhar com inclusão. Obrigada pelo comentário. Abraço

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  2. Passei por isso também. Na segunda série mudei de escola. Haviam duas turmas no período da tarde (2 verde e 2 série amarela). A amarela era a turma dos fracos e nela eu estava. NO inicio das aulas, as professoras comentam entre si, na nossa frente: "fulano é muito rápido, é muito bom para esta turma. Precisamos mudá-lo pra turma verde). Era horrível. Sabíamos que éramos 'ruins'e por isso merecíamos estar na turma dos 'lerdos'. EU morria de vergonha. Um pelo dia mudei pra verde. Infelizmente, já infectada com a competitividade, fiquei feliz e me achando, passando a olhar torto para os colegas 'lerdos' que tinham ficado na turma amarela. Isso é muito significativo.

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    1. Jessica, infelizmente fomos expostos a essas situações vexatórias, mas hoje o que muda é que não há classes separadas, mas as crianças "lerdas" continuam sendo discriminadas. Triste, mas é a realidade....

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  3. Sua historia me fez lembrar uma que minha irmã conta. Quando ela estava na primeira série, a professora dava tapa na cabeça das crianças, quando não reguada e se as crianças tinham letras pequenas ela esfregava a cara dos mesmo no caderno, minha irmã conta que até hoje ela não faz pergunta em público por conta dessa professora.

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  4. Laura, essa professora que falei, jogava até apagador nas crianças, puxava orelhas e outras coisas mais, imagino o que sua irmã passou, isso com certeza marcou a vida dela, como marcou a minha. Mas fala para ela que isso serve de incentivo para sermos mais fortes.

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