terça-feira, 26 de setembro de 2017

Ensinar e aprender:uma via de mão dupla?

A leitura do capítulo "Infância de um ensinar e aprender" do livro de Kohan me levou, virtualmente, a resgatar na memória um episódio da época em que lecionava na rede estadual de ensino. Diante da turma do 2º ano do ensino médio, expliquei todas as regras que sabia em relação a logaritmos: suas definições, propriedades, aplicações etc, até que no deparamos com um exercício que eu não sabia resolver! Fiquei aflito, não poderia demonstrar que não sabia algo. Afinal, como um professor poderia assumir isso? A linha de fuga encontrada por mim foi organizá-los em grupo e esperar um tempo para ver se algum deles resolvia o exercício proposto. Um dos alunos, depois de uns 10 minutos levantou a mão e disse que havia conseguido resolver por um caminho que eu não havia mencionado... O que eu ignorei foi o signo encontrado por ele para desenvolver seu pensamento. O ensino não estava condicionado à explicação, a um movimento dialético e/ou dialógico; tinha a ver com um modo de compor com aqueles alunos uma relação de troca, de colaboração - uma pedagogia não condicionada à explicação. Entendi a aprendizagem  como processos de individuação - não necessariamente solitário - a partir da relação com o outro. Um processo pessoal, intransferível, absolutamente imprevisível.

Um comentário:

  1. Eu também sinto que quando me vejo tombado, sem planos e em busca de saber algo junto com o 'aprendente', este próprio termo perde sua razão de ser e alguma coisa acontece, e se aprende alguma coisa. Juntos.

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