elas começam a partir da minha vida, minhas experiências (aonde andam?) e depois penso nessa escola que sonhamos.
aí, me ocorre que - se tudo é construção- mesmo na escola, mesmo com a experiência estando ausente desse ambiente é preciso buscá-la. mas onde? no silêncio? na arte, em todas as suas formas? talvez...
depois penso em como trazer a experiência, o acontecimento para a educação?
percebo que essas são questões que não podemos "trazer", ou seja, não se traz a experiência a alguém.
porque experiência é vertigem é aventura, é irrepetível, é diferença.
pode-se, entretanto, abrir espaço para ela; em nossa vida escolar, pessoal...
porque cada escola tem possibilidades que são somente dela e de nenhuma outra. assim como cada criança, cada professor, cada família, sala de aula etc.
novamente Larrosa (2003) me faz voar abrindo-me para um espaço mais receptivo:
"Por
isso, a sala de aula não é lugar vazio de transmissão. Mas, uma brecha que se
abre... A sala de aula dá a voz. Mas uma voz que não deve ser entendida como uma série
concreta de fatos ou de anunciados lingüísticos, mais ou menos interessantes,
inteligíveis e apropriáveis; mas como um lugar que possibilita a criação, o
saber, ter voz. Lugar do acontecimento da voz."
sala de aula como lugar do acontecimento da voz... que lindo, não é mesmo? imagino que poderia ser assim mesmo.
à merce das marés, tempestades, naufrágios.
Somos
assim: sonhamos o vôo, mas tememos a altura.
Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio.
Porque é só no vazio que o vôo acontece.
O vazio é o espaço da liberdade, a
ausência de certezas.
Mas é isso o que tememos: o não ter certeza.
Por isso trocamos o vôo por gaiolas.
As gaiolas são o lugar onde as certezas
moram.
Fiódor Dostoiévski,
(Os irmãos Karamazov- 1879)
Bel Dias
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