Guattari nos leva
a refletir sobre a problemática do desenvolvimento técnico-científico e suas
implicações nos modos de vida da sociedade. Põe em questão a vida doméstica
destacando como “sendo gangrenada pelo consumo da mídia”, apresenta uma atitude
crítica com relação à psicanálise no sentido da necessidade de libertação de
estereótipos que induzem a rotulações e ações repetitivas. Acusa com
propriedade o capitalismo “a descentrar seus focos de poder das estruturas de
produção de bens e de serviços para as estruturas produtoras de signos, de
sintaxe e de subjetividade, por intermédio, especialmente, do controle que
exerce sobre a mídia, a publicidade, as sondagens etc” levando-nos a aceitar e
ver o mundo a partir de padrões estabelecidos sem questionamentos. O autor aponta
para a ecosofia, ou seja, uma articulação ético-política como proposta para repensar nossa concepção histórica sobre o ser
humano em suas relações consigo mesmo, com a sociedade e com o meio ambiente. Mas...
"para onde quer que nos voltemos,
reencontramos esse mesmo paradoxo lancinante: de um lado, o desenvolvimento
contínuo de novos meios técnico-científicos potencialmente capazes de resolver
as problemáticas ecológicas dominantes e determinar o reequilíbrio das
atividades socialmente úteis sobre a superfície do planeta; de outro lado, a
incapacidade das forças sociais organizadas e das formações subjetivas
constituídas de se apropriar desses meios para torná-los operativos" (2012, p. 12).
É preciso encarar que o sistema capitalista induz as pessoas a aceitarem os avanços técnicos e científicos
e toda a “evolução” social sem duvidar ou problematizar quando na verdade tais
processos caminham na contramão da sustentabilidade. É preciso mesmo uma "catálise" segundo Guattari na "retomada de confiança da humanidade em si mesma"...
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